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MARIA FRUTA

MARIA FRUTA(Não estou falando da Alzira da Americana, que tinha umas semelhanças, não físicas, mas na  maneira de ser. Ela fez parte da nossa História muito depois da Maria Fruta)Antes que eu a conhecesse, sei que quando minha família morava na parte de cima do local onde funcionava o Café Unique, no terreno ao lado, onde no futuro haveria um posto de gasolina e hoje são várias lojas na frente do Hotel Metrópole, ela tinha um tipo de barraca, onde vendia suas frutas (tenho alguma foto onde se pode vê-la). Talvez o marido, Elias, que não me lembro de ter conhecido, fosse o dono e ela o ajudasse.Tinha uma história que mamãe contava, as relações estavam estremecidas entre eles, e um dia, mamãe pediu para a Lúcia, minha irmã mais velha, então com uns 6 anos, que fosse apanhar não sei qual fruta, na fruteira.Passado um tempo ela voltou com as frutas e havia comprado na barraquinha e ainda por cima, fiado  e levou uma pequena bronca. A fruteira, no caso, era a que se guardava frutas em casa.Mas a Maria Fruta que conheci era viúva e tinha um tipo de carroça de madeira, grande, que podia ser empurrada para casa quando o trabalho terminasse, por causa das rodas.Lembro muito dela empurrando  para casa nos entardeceres de minha infância e parte da adolescência, penso que era no São Lourenço Velho e ela ia pela Dom Pedro. Neste momento eu a vejo passando em frente ao Hotel Imperial com toda a nitidez.Ela deixava sua barraca parada exatamente na frente do Cassino Metrópole.Eu usava desde criança, descer desde nossa residência perto do Hotel Londres até a ponte do ribeirão. Ia e voltava entrando em quase todas as lojas para cumprimentar e às vezes conversar com as pessoas. Conhecia a todos os comerciantes. Interessante que muitos anos depois eu usei fazer isso em Resende, andando da saudosa Avenida Albino de Almeida, cheia de lojas de libaneses, sírios e judeus e indo exatamente até a ponte velha e voltando, mas entrando nas lojas da mesma maneira. Sempre amei fazer isso, dar bom dia para as pessoas.Na Maria Fruta também eu parava, conversava. Mas ela tinha uma característica, falava muito palavrão, alguns eu nem entendia ainda o que eram. Muito pornográfica também.Fui estudar fora a partir de 1958 e só voltei para São Lourenço em definitivo em 1977.Mas enquanto ela existiu, sempre a procurava, entre outras pessoas.Até que alguns dias depois do assassinato do Presidente Kennedy, que foi a 22 de novembro de 1963, ano em que fui para o Rio e estava no Primeiro Científico, chegou uma carta dando conta de sua morte, o que me entristeceu muito.Eu sempre quis saber mais coisas a seu respeito. Até que há poucos anos, fui no cartório de registro civil e pedi para olharem como se chamava uma Maria que morreu no dia 27 de novembro daquele ano.Tenho a certidão de óbito comigo, mas ela não contém detalhe nenhum. Está tudo com traços por ignorarem. Ninguém poderia saber nada, ela não tinha filhos. A única coisa que consegui saber e não sabia é que ela nasceu na Síria e se chamava Maria Haddad. Nada mais, infelizmente.Hoje, Maria Fruta é mais uma saudade de nossas figuras folclóricas. Houve outros camelôs famosos, um dia falo do Abdallah e o Álvaro Nortista.

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