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Penúltima rodada: O que você acha sobre o asfaltamento das ruas de São Lourenço? Parte 5

O São Lourenço Jornal fez essa pergunta a diversas pessoas da cidade de São Lourenço e ao longo da semana iremos publicá-las, conforme dito na matéria original publicada dia 25/04 , estamos dando sequência, na quinta rodada.

 

Diante de tantas opiniões circulando nos últimos tempos a respeito das ruas da cidade, que vem sendo asfaltadas, nossa reportagem resolveu ouvir e publicar na íntegra a opinião de empresários, políticos, moradores, jornalistas e filhos saolourencianos. O objetivo é deixar registrado e acompanhar nos próximos anos esse processo de mudança das característica do município, visto que é uma mudança nítida aos olhos e cada um tem encarado de uma forma, muitos olham apenas o conforto de deslocamento na pista, outros tem preocupações ambientais, outros pensam na descaracterização turística e histórica.

Qualquer forma de mudança gera opiniões e comportamentos diferentes! “Toda mudança é uma crise, porque implica sair de uma situação da qual temos controle para nos lançarmos em direção ao desconhecido”, explica o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, doutor em ciências médicas pela USP. De acordo com ele, a mudança só é vista com bons olhos por quem está em uma situação que reconhece como muito desagradável. Essa frase resume bem os motoboys por exemplo, que circulam diariamente pelas ruas da cidade e que apoiam, praticamente em sua totalidade, o asfaltamento da cidade toda. muito mais que o conforto em transitar pelas ruas da cidade, a mudança envolve turismo, meio ambiente, águas minerais, águas pluviais, alagamentos, enchentes, aquecimento, que saberemos o impacto real, apenas com o passar dos tempos.

Segue mais algumas opiniões dos entrevistados, lembrando que todas devem ser respeitadas.

Mariana Frazão

Publicitária pós graduada em Filosofia Moderna e Contemporânea e em Gestão Estratégica de Marketing, formanda em Direito (jul/2022).

mariana frazao Penúltima rodada: O que você acha sobre o asfaltamento das ruas de São Lourenço? Parte 5

“O asfalto pode parecer sinal de progresso, mas diante das reais consequências, é possível ver o quanto é sinal de atraso. Progresso aparente porque toda cidade grande é asfaltada. Estudos provam os danos que o asfalto gera com o tempo (em curto tempo), na saúde, na segurança, na economia do município e mesmo na estética de uma cidade do interior que atrai os turistas por suas características, sendo o turismo importante gerador de emprego. Temos problemas com o trepidar porque em São Lourenço o serviço de manutenção praticamente não existe. Há inúmeras cidades muito maiores que SL com pisos perfeitos com uso de paralelepípedo, principalmente no sul do pais. Pouso Alegre recentemente tirou o asfalto de um trecho e colocou piso intertravado. Isso está acontecendo em algumas cidades. Este piso (intertravado) é a melhor solução, é só pesquisar. Somando os custos de compra e manutenção e o maior tempo de durabilidade, pode sair 30% mais barato que o asfalto. E não gera poluição do ar, não impede a drenagem/escoamento das águas das chuvas para o subsolo, não aumenta a temperatura da cidade e nem gera buracos como o asfalto gera. Fora que o asfalto gera constantes reparos que aumentam seu custo, e sobre eles, os carros e motos aumentam a velocidade. Vários idosos já reclamam da dificuldade de atravessar as ruas. Existe solução para o trepidar grande e desconfortável causado pela falta de manutenção do paralelepípedo. A pior de todas foi asfaltar. Só vai gerar prejuízo.”

Theo Bajgielman Ayres

Geólogo, Inspetor chefe CREA-MG, diretor da Associação Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (área das Águas), Conselheiro do CODEMA e Conselheiro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Verde

theo rubinho Penúltima rodada: O que você acha sobre o asfaltamento das ruas de São Lourenço? Parte 5

Antes de mais nada, acho importante frisar que eu não sou especialista em asfalto, eu sou geólogo. Mas, como inspetor do Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Geociência (CREA-MG) eu já tive muitas conversas com profissionais da Engenharia Civil e sempre que se falava sobre asfalto, havia a preocupação com a retirada do pavimento existente, a preparação das estruturas subterrâneas antes do asfaltamento, que são a drenagem pluvial, redes de esgoto e de abastecimento de água e a confecção de todas as camadas que antecedem o asfalto, além da parte elétrica, de cabeamentos de internet, tv e telefone. Porém, independente de profissão e conhecimentos específicos, eu sou contra o asfaltamento do jeito que está sendo feito, sobre os paralelepípedos. São Lourenço é uma cidade turística e não só isso, é uma estância hidromineral. O nosso turismo já é em grande maioria de cidades grandes, locais onde é comum tudo ser asfaltado, mesmo que não seja sobre paralelepípedos. Os turistas que vêm para São Lourenço, não vêm pela cidade ser asfaltada e sim por ser uma cidade aconchegante, acolhedora, com qualidade de vida, clima ameno, segurança superior do que a das metrópoles e obviamente, pelas águas minerais. O asfalto, na minha opinião, já é uma descaracterização da nossa “cidade turística”. Se me perguntam hoje: “Theo, você é contra asfalto?” Eu digo com tranquilidade: Não, não sou contra o asfalto, sei que tem como ser bem feito, mas obviamente, é muito mais caro do que feito sobre os paralelepípedos existentes. Hoje em dia existe tecnologia de asfalto poroso, existe a possibilidade de confecção de redes de drenagem pluvial, esgoto e água bem dimensionadas e de qualidade. Existe a possibilidade de planejamento para enterrar as fiações, ou pelo menos mantê-las aéreas em apenas um lado das avenidas e fazer planos de arborização urbana. Tecnicamente falando o asfalto aumenta a temperatura local, por absorver e reter mais calor, aumenta a impermeabilidade do local, aumentando a velocidade do escoamento superficial da água e diminui a absorção de água pelo solo, podendo causar e agravar alagamentos. Mas isso tudo tem como ser resolvido, com planejamento e adotando estratégias corretas, para pelo menos, amenizar os impactos que podem ser gerados. Em relação ao asfaltamento de São Lourenço, me surgem muitas dúvidas: Como será a manutenção quando surgirem buracos? Será feito tapa buraco, que podemos ver em vários locais que são soluções provisórias e que com o período chuvoso a tendência é que os buracos se formem novamente? Se houver necessidade de manutenção em redes de esgoto, água e drenagem pluvial, será desfeito o asfalto nos pontos, retirados os paralelepípedos e depois serão feitas as camadas que antecedem o asfalto ou será feito novamente sobre os paralelepípedos? Há um plano que vise a adequação das fiações, seja enterrando ou colocando apenas em um lado das avenidas, para um plano de arborização urbana de qualidade? Eu acredito que quando se trata de uma mudança desse porte, independentemente de ser, “apenas uma obra de infraestrutura” e não terem a obrigação de audiências públicas, precisava ser bem discutido, conversado e estudado. Particularmente, vejo várias outras coisas que são prioridade do que asfaltar a cidade, como: Estação de Tratamento de Esgoto, Plano Diretor, Gerenciamento de resíduos sólidos (reciclagem, aterro sanitário, gerenciamento de resíduos da construção civil). E todas estas problemáticas que temos no município são de conhecimento do poder executivo, uma vez que eu mesmo já falei sobre essas questões com membros da prefeitura. E para finalizar, eu creio que asfalto não é sinônimo de progresso. Progresso para mim é quando há o desenvolvimento com sustentabilidade.

Perdeu as outras opiniões, leia aqui:https://www.saolourencojornal.com.br/mais-uma-rodada-o…/

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