01-DEZ-25

O novo sempre vem

Por Robson Soares de Souza
Esta coluna no São Lourenço Jornal pretende unir reflexão, crítica e emoção. O propósito deste espaço é conectar os acontecimentos atuais da política e do Direito às metáforas e provocações criadas na forma de música. Esse é o intuito, adotando-se principalmente a força do gênero musical mais influente no mundo, o rock’n’roll.
Faz parte da característica universal do rock, por meio de sua agressividade e poesia, traduzir as tensões políticas e jurídicas do momento. Descrever onde a formação jurídica encontra a crítica política, que por sua vez esbarra na inquietação permanentemente registrada nas músicas de contestação, é um campo de trabalho de constante reflexão.
O Direito não nasce nos gabinetes, ele nasce nas ruas, nos conflitos, nos sonhos e nos anseios de liberdade. Esse foi o cenário mundial percebido na segunda metade do século XX. Toda forma de luta por liberdades e contra desigualdades se insurgiram em movimentos que alteraram o rumo da história. Das marchas pelos direitos civis nos Estados Unidos às mobilizações contra ditaduras na América Latina, a queda do Muro de Berlim, são fatos históricos que moldaram o atual espírito jurídico do conceito de igualdade e liberdade como princípios centrais das democracias modernas.
Dessa forma, foram os pontos de resistência dos povos contra autoritarismos e arbitrariedades que fizeram com que os estados avançassem na proteção e na garantia de direitos fundamentais. O rock’n’roll cresceu nesse barulho histórico e trouxe a linguagem da resistência e do inconformismo. Com sua versatilidade também trouxe canções de amor, de fé e festa. No entanto, nenhum outro gênero musical detém a sua marca da rebeldia e sua posição cultural como canal de manifestação.
Debater e entender os movimentos políticos e suas consequências jurídicas são essenciais para formação de opinião sólida, de posicionamentos críticos (muitas vezes presentes nas músicas) e auxiliam na construção da formação do entendimento da população sobre esses assuntos.
Os movimentos culturais mudam as coisas. A música influencia a mudança. A política muda. O direito muda. A tecnologia avança e nos pressiona a mudar. Não temos mais como negar as redes sociais e a inteligência artificial. Discutir esses acontecimentos é compreender o passado, construir o futuro e entender que esse movimento é permanente, concebendo-se que, como escrito pelo filósofo Heráclito, “a única coisa que não muda é que tudo muda”.
Encerro com a letra de Belchior que traduz essa corrente:
“No presente, a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa
Que não nos serve mais.”
— Belchior, “Divina Comédia Humana”.

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