A colheita de café caminha para a reta final no Sul de Minas Gerais, mas produtores relatam um cenário de preocupação. O rendimento dos grãos está abaixo do esperado, resultado direto da combinação de seca e temperaturas elevadas registradas nos últimos meses.
Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os grãos colhidos nesta safra apresentam peso menor, o que aumenta a quantidade necessária para formar uma saca de 60 quilos.
A Fundação Procafé estima que cerca de 86% dos cafeicultores da região já concluíram a colheita. Na Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, o percentual chega a 83,9% no Sul de Minas. Nesta fase, a maioria dos produtores realiza a chamada varrição, recolhendo grãos que caíram no chão das lavouras.
No campo, a diferença no rendimento é sentida de forma expressiva. Normalmente, são necessários de 7 a 8 “saquinhos” de café beneficiado para completar uma saca de 60 kg. Em 2025, no entanto, produtores do Sul de Minas e do interior paulista relatam precisar de até 12 saquinhos.
Pesquisadores atribuem o problema à escassez de chuvas e às temperaturas acima da média registradas durante o outono e inverno de 2024. O quadro se agravou entre fevereiro e março deste ano, período considerado crucial para a granação e a maturação dos frutos, quando a pluviometria ficou bem abaixo do esperado.
Com grãos mais leves e um rendimento menor, especialistas apontam que o preço da saca pode sofrer impacto nos próximos meses, dependendo da reação do mercado interno e das exportações.
O Sul de Minas é o principal polo produtor de café do país e responde por grande parte da produção nacional, o que torna os efeitos do clima ainda mais relevantes para toda a cadeia do setor.
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Reportagem G1 Sul de Minas