27 agrotóxicos são encontrados em água oferecida pelo Saae de SL

Estudos detectam presença de 27 agrotóxicos em água consumida em São Lourenço, da rede de abastecimento

Uma mistura de 27 diferentes tipos de agrotóxicos foi detectada na água consumida por parte da população no Sul de Minas, pelo menos 8 cidades apresentaram esses números. Que fique bem claro que estamos falando da água da rede de abastecimento, ou seja a água do SAAE, nada tem a haver com nossas águas minerais.

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Água com 27 agrotóxicos é encontrada em São Lourenço. Foto: Pixabay

Cerca de 90 cidades do Sul de Minas detectaram pelo menos um agrotóxico em redes de abastecimento de água. Quase metade delas, 40 cidades, detectaram ao todo 11 tipos de agrotóxicos. Os dados são do Painel do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, do Ministério da Saúde.

São Lourenço está entre as cidades que apresenta o chamado “efeito coquetel” o que preocupa especialistas.

As informações são resultado de um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, com testes feitos em 2022.

A maioria dos exames identificou uma concentração dentro do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde para cada tipo de substância isoladamente. Ou seja, a simples presença de cada agrotóxico em uma amostra não necessariamente acarreta problemas para a saúde.

No entanto, a regulação brasileira não leva em conta os riscos da interação entre os diferentes tipos de pesticidas. É justamente a mistura de substâncias o que preocupa especialistas ouvidos pela reportagem. Eles afirmam que o chamado “efeito coquetel” pode gerar consequências ainda desconhecidas ao organismo humano.

Ministério da Saúde não regula “efeito coquetel”

Enquanto a União Europeia impõe um limite para a presença de diferentes substâncias na água, o risco da mistura é ignorado pela normativa do Ministério da Saúde. A pasta teve a chance de regular essa questão em 2021, quando a nova Portaria de Potabilidade da Água foi aprovada, mas tratou apenas dos limites individuais.

O principal argumento é a dificuldade em calcular os efeitos causados pelas diferentes combinações de substâncias químicas na água.

“O ideal seria não detectar, ou seja, não encontrar nada”, afirma Cassiana Montagner, pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). “Mas quando há a detecção, ainda que em concentrações menores que o valor máximo permitido, os governos deveriam tomar ações para evitar que esses agrotóxicos apareçam por longos períodos de tempo”, complementa.

Ela destaca que o risco é maior quando o consumo é contínuo, ou seja, quando a presença das substâncias na água persiste ao longo dos meses e anos. Nesses casos, 15 dos pesticidas encontrados estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, disfunções hormonais e reprodutivas.

Segundo a pesquisadora, as estações de tratamento não conseguem retirar os agrotóxicos da água na concentração encontrada no Brasil. Assim, a melhor solução é evitar a contaminação.

A origem do problema é o uso excessivo e indevido dessas substâncias, que ocorre em maiores quantidades em regiões rurais, mas também no paisagismo nas cidades.

“Tudo aquilo que vem sendo colocado no ecossistema, solos e plantações, permanece nos recursos naturais e continua presente em diferentes lugares”, alerta Rafael Rioja, coordenador de consumo sustentável do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que faz alertas constantes sobre a presença de agrotóxicos nos alimentos.

Esta não é a primeira vez que dados públicos levantam alerta sobre a presença de diversos agrotóxicos na água. Em 2019, especial feito pela Repórter Brasil, Public Eye e Agência Pública revelou que 25% dos municípios enfrentavam esse problema.

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“Efeito Coquetel ” na água do SAAE em São Lourenço

O que dizem as autoridades

 

Segundo o governo de Minas Gerais, toda a água distribuída no Sul e Sudoeste de Minas Gerais é garantida por um laboratório regional da Copasa. A unidade atende a 124 municípios e realiza mais de 200 análises diariamente. Ainda conforme o governo, todo o trabalho segue normais internacionais, que garantem qualidade e confiança nos resultados.

A Copasa informou na segunda-feira (16) que não opera o sistema de abastecimento de água em nenhuma das cidades onde 27 tipos de agrotóxicos diferentes foram encontrados que é o caso de São Lourenço, aqui a água oferecida é pelo SAAE, uma autarquia municipal.

Nossa reportagem vai fazer uma matéria com o SAAE  para que preste esclarecimentos.

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