20.6.62-Varginha, quarta-feira.

Local: Hotel Maduro onde eu morava.

Lá moravam vários que tinham emprego na cidade e que não eram de lá. Lá se hospedavam aqueles que usávamos chamar de “viajantes”. Lembro de funcionários das Casas Buri, da Ishikawagima, estaleiro (não sei o que faziam lá…), etc. Muitos dos viajantes eram daqui: Hercílio Pinto, José Domingo Centi Amado (Débora Centi Make Up ) que viria a ser meu amigo a vida toda, Antônio Poli, etc. Mas outros daqui usavam se hospedar lá: Manduca Dutra, Elzio Scarpa etc.

Havia um que era de Cruzeiro, cujo nome me lembro, Aloísio Palma da Silva, que tinha um emprego não sei onde e deveria ter uns 20 anos e eu, 15,

Éramos amigos.

Naquela quarta-feira, ele chegou com lágrimas nos olhos no meu quarto e contou que havia sido despedido e que voltaria para sua terra. Segundo o que contou, foi um motivo injusto e que ele não tivera culpa.

Pegou meu caderno de Desenho, desenhou um porquinho e eu coloquei a data na barriga do animal: 20.06.62. Como veem, nunca esqueci.

Quanto ao Aloísio, me deu seu endereço em Cruzeiro, Avenida Albuquerque Lins, 101, Bicicletaria Silva. Mas jamais o encontrei e jamais soube dele, apesar de ter perguntando para n pacientes de Cruzeiro, a vida toda. Gente, até eu me surpreendo com minha memória, como posso ter até hoje até o endereço guardado na cabeça?

Isso é normal?

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