Foto: Jonatam Marinho
No último dia 20 de março, às 12hs33min, começou o outono. A estação de transição entre um período de chuvas para outro seco, terminará em 21 de junho. Durante esse intervalo, a pluviosidade deverá ser baixa e as chuvas podem ficar abaixo da média – o que poderia comprometer a safra 2023 e até mesmo o enchimento dos grãos em 2022. Como uma alternativa para essa questão, os especialistas recomendam a irrigação da lavoura.
O meteorologista para o estado de Minas Gerais, Claudemir de Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), afirmou que essa primeira semana de outono já terá as primeiras massas de ar frio que vem do Sul do continente americano e provocará temperaturas baixas no Sul de Minas Gerais. “Não se descarta nesse período um primeiro episódio de geadas”, disse.
Mas o frio será ameno e as baixas temperaturas do inverno de 2021 não devem se repetir.
“A expectativa é que, como estamos com temperaturas mais elevadas, não devemos ter um inverno tão impactante como foi no ano passado. Teremos episódios de frio, mas não tão fortes. Ao contrário deste ano, os modelos de 2021 já previam anomalias de mais frio na região”, comparou Claudemir.
O meteorologista do Inmet também afirma que a perspectiva é realmente de poucas chuvas para o outono e inverno. “As chuvas devem aparecer no final de março e início de abril. A princípio, abril será um mês com início mais chuvoso e depois começa a secar. Devemos ter uma anomalia negativa para o mês de abril, ou seja, abaixo da média climatológica. E maio também com um volume baixíssimo de chuva e a média para o período deve ficar abaixo da média histórica”, disse Claudemir.
O engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Lucas Bartelega — Foto: Arquivo Pessoal
A meteorologista Daniela Freitas, do Climatempo, acrescentou que estamos em ano de La Niña desde a primavera de 2021. O fenômeno provoca um desequilíbrio da distribuição de chuvas e temperatura em toda a América do Sul. E o mês de abril terá temperaturas acima da média, portanto, mais quentes.
“A chuva cai com menor intensidade, com regularidade menor. E o fim de março e nos meses de abril, maio e junho terão chuvas abaixo da média. E se tiver frio, ele não será duradouro”, explicou.
Daniela afirmou também que a previsão para todo o mês de junho é de apenas 20 mm. “O inverno virá com víeis de La Niña caminhando para uma neutralidade climática. Tem previsão de frio com geadas. Em junho, a previsão é de 20 mm para todo o mês, numa média normal mas que representa pouquíssima chuva”, observou.
A chuva abaixo do esperado pode trazer problemas para as lavouras de café. Segundo o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Lucas Bartelega, março começou meio seco, abaixo da média.
“Choveu apenas 50 milímetros na região de Varginha (MG) quando o esperado era 170 milímetros. Se cair algumas chuvas agora para a safra 2022 não tem prejuízo porque os frutos terminam de granar. Se parar de chover agora, em março até meados de abril, aí até a safra deste ano estaria em risco. Mas com as chuvas desses dias, é provável que a safra 2022 esteja garantida”, apostou.
O engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Lucas Bartelega. — Foto: Arquivo Pessoal
Lucas comentou também sobre o bom índice pluviométrico de janeiro e fevereiro deste ano. “Choveu 280 milímetros acima da média. As lavouras vegetaram bem e recuperam da seca e da geada do ano anterior”, observou.
O agrônomo explicou que as chuvas em março e abril são importantes para que o solo tenha reservas para aguentar o estresse hídrico comum do inverno. “Se esses períodos forem mais secos, haverá falta de água no solo. Por isso, as lavouras sentirão muito e poderá ter uma queda na safra do ano que vem”, alertou.
Uma solução para o problema da falta de água seria a irrigação da lavoura. Mas, segundo Bartelega, a maioria das propriedades não possuem um sistema de irrigação e nem mesmo a água para instalação de uma estrutura para este fim.
Outra medida paliativa que pode ajudar é o uso de cobertura vegetal para cobrir o solo. “Temos inúmeras maneiras de melhorar a umidade do solo. Trabalhamos com mais cobertura vegetal na entrelinha do cafeeiro. Mas o que resolve mesmo o problema é a irrigação”, garante.
Um defensor da irrigação é Cleber Zanin Pereira, de Alfenas (MG). Ele possui 180 mil pés de café em 33 hectares irrigados. Cafeicultor há 5 anos, ele trabalhou a vida toda com uma empresa de irrigação. “Os produtores estão se acostumando aos poucos com a ideia. A irrigação veio do Cerrado Mineiro para a Mogiana Paulista e só depois para o Sul de Minas em 2001 e 2002”, recordou.
Cleber Zanin Pereira e as bombas de irrigação em sua propriedade em Alfenas (MG). — Foto: Arquivo Pessoal
O produtor destacou também que os períodos de seca prolongados têm aumentado muito com as mudanças do clima e que as perdas com a seca pagariam a irrigação. “Todos os produtores que você conhece que fizeram irrigação tiveram bons resultados e não se arrependeram. O retorno do investimento para irrigar veio em 2 a 3 anos no meu caso”, disse.
Ele estimou os custos por hectare entre R$ 12 a R$ 15 mil considerando a estrutura do local que pode facilitar todo o processo se já tiver energia e água.
“Acho que tem que irrigar. Você não fica refém do tempo. Pode utilizar produtos como fertilizantes direto na água. Facilita o manejo da lavoura também. Pra quem tem água e energia a irrigação se torna barata. Imagina se você tiver que jogar fertilizante na terra em época de seca, como vai fazer?”, refletiu.
Fonte G1
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